terça-feira, 27 de junho de 2017

HERANÇA MATERIAL DE ROMA

                 Podemos considerar como herança material romana as suas construções arquitetônicas ao longo dos séculos e suas inovações técnicas como, o cimento, o concreto armado, o ladrilho e após o incêndio de Roma, o uso do mármore para perpetuar suas construções. Com a “romanização” – período em que o império romano expandiu seu território e dominou os espaços conquistados através da extensão do seu ideal de cultura – Roma construía materialmente cidades para levar os cidadãos, através da ordem visual, a obedecer ao regime imperial (BUSTAMANTE: 4) Assim, a arquitetura romana era vista não somente dentro das cidades clássicas, mas também nas comunidades romanas e colônias honorárias sob domínio do império.
            Um exemplo de construções arquitetônicas e de estilo de cidades romanas é Pompeia, que foi destruída durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio.  O fórum, os banhos, muitas casas, e algumas vilas nos arredores, como a Vila dos Mistérios, permaneceram incrivelmente bem preservados. Pompeia era um lugar movimentado, e evidências demonstram diversos detalhes do cotidiano da cidade.



Nas Figuras [1] e [2] vemos o exemplo da Basílica de Pompeia, grande marco da arquitetura clássica de Roma. Analisando a planta da Basílica (Figura 1) percebemos que o monumento só possuía uma única entrada, além das escadas que levavam o cidadão até a linha de quatro colunas que sustentavam o teto. O salão principal do edifício consiste em um longo corredor cercado por colunas. As colunas representadas na Figura 2 são as colunas compósitas, esse elemento que pode ser encontrado na entrada do Palácio Tiradentes, onde funciona atualmente a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Figura [3]). Essas colunas são inspiradas pelo estilo jônico que também pode ser observado na segunda linha da Figura 2. O estilo compósito é uma das maiores caraterísticas romanas e é vista em diversos monumentos ao redor do mundo.
    Nas figuras [4] e [5] podemos observar o Arco de Septímio Severo que foi construído em 203 d.C para glorificar as vitórias militares do imperador Septímio Severo e fica localizado no Fórum Romano. A sua construção foi feita em mármore e consta de um arco principal enquadrado por arcos menores e sua frente decorada por colunas compósitas. Na figura 5 as esculturas mostram cenas das batalhas, prisioneiros e o imperador comandando sua tropa durante a campanha em Parthia (CARTWRIGHT. 2013: 1). O monumento foi utilizado durante a Idade Média como forte, torres foram adicionadas e a estrutura foi incorporada aos prédios dos arredores. Assim, a estrutura original do prédio sofreu alterações. Os Arcos do Triunfo se tornaram referência arquitetônica para diversos projetos mesmo após a extinção do império romano e tinham o mesmo objetivo ou aproximação, celebrar vitórias e conquistas políticas-militares através da construção material. Observemos alguns exemplos.




Arco do Triunfo (Figura [6]) em Paris foi construído entre 1806 e 1836 a mando de Napoleão Bonaparte em comemoração às suas vitórias militares. O Porte Saint-Denis (Figura [7]), 1672, Paris, foi construído para comemorar as vitórias de Luís XIV da França. Já o Arco do Triunfo de Pyongyang (1982) (Figura [8]), o maior e segundo mais alto arco do mundo, tinha como objetivo ser substancialmente maior que o Arco do Triunfo de Paris e foi erigido no mesmo local onde, em 14 de outubro de 1945, Kim Il Sung realizou seu primeiro discurso público ao povo da Coreia do Norte.
      Os romanos também construíam arcos no interior de seus monumentos e nesses casos os arcos eram uma estrutura arquitetônica de forma curva que permitia vencer o espaço entre dois pontos, em geral colunas ou pilares e podia repartir os empuxos do muro, da abóbada e da cúpula. Essa técnica que permitia empregar menor número de colunas e pilares, ampliando assim o espaço interior, ficou patente na imensa cúpula do Panteão romano (Figura [9]) (Mellilo, Patricia, disponível em <http://www.patriciamellilo.com.br/arquitetura-historia.php> acesso em. 27 de junho de 2017).
Na figura 8 além de observarmos as colunas sustentando a cúpula, analisamos que entre elas existem arcos que são responsáveis por repartir os empuxos. Na direção “final” da imagem existe uma passagem para um possível outro espaço do Panteão que é interligado por um arco.
       Essa técnica foi reproduzida por várias civilizações ao longo dos séculos. A mesquita de Córdoba, localizada em Córdoba, Espanha, iniciada no séc. VIII, é uma construção islâmica que possui aspectos romanos.
       As figuras [10] e [11] representam o interior da mesquita de Córdoba, e avaliando as imagens podemos ver a semelhança com as construções romanas, através das colunas, capitéis romanos e na utilização de arcos como sustentação e passagem entre locais do monumento.  

         Em suma, mesmo após sua decadência, Roma exerceu influência no que tange a arquitetura, servindo de inspiração e exemplo para sociedades em diversos momentos da história. O patrimônio material que sobreviveu ao tempo, é de de grande importância para a compreensão da estrutura cultural romana pois, através da análise dessas estruturas, podemos afirmar que a necessidade da construção material das cidades, tornou os romanos referência em introdução de técnicas e utilização de novos materiais, que utilizamos até hoje, na edificação de  patrimônios. Por fim, Roma nos deixou uma herança material extensa e sua influência pode ser vista em diversos lugares do mundo, cumprindo o seu designo de resistir e perpetuar a cultura de um dos maiores impérios da antiguidade.

1 – Disponível em <http://www.vitruvius.be/pompei.htm> Acesso em. 26 de junho de 2017.
2 – Disponível em <http://www.vitruvius.be/pompei.htm> Acesso em. 26 de junho de 2017.
3 - Disponível em <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/09/04/com-reforma-de-r-18-mi-predio-da-alerj-dara-lugar-ao-museu-da-democracia.htm> Acesso em. 26 de junho de 2017. 
4 - Disponível em <http://www.guiaderoma.com.br/pontosdetalhe.asp?codigo=7> Acesso em. 27 de junho de 2017.
5 - Disponível em <http://www.ancient.eu/image/1346/> Acesso em. 27 de junho de 2017.
6 -  Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_do_Triunfo_(Fran%C3%A7a)>  Acesso em. 27 de junho de 2017.
7 - Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Porte_Saint-Denis> Acesso em. 27 de junho de 2017. 
8 -  Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_do_Triunfo_de_Narva> Acesso em. 27 de junho de 2017
9 - Disponível em <https://www.britannica.com/topic/Pantheon-building-Rome-Italy/images-videos> Acesso em. 27 de junho de 2017.
10 - Disponível em <http://www.setemalas.com.br/a-mesquita-catedral-de-cordoba-a-construcao-islamica-mais-impressionante-do-ocidente/> Acesso em. 27 de junho de 2017.
11 - Disponível em <http://www.setemalas.com.br/a-mesquita-catedral-de-cordoba-a-construcao-islamica-mais-impressionante-do-ocidente/> Acesso em. 27 de junho de 2017.

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