Podemos considerar como herança
material romana as suas construções arquitetônicas ao longo dos séculos e suas
inovações técnicas como, o cimento, o concreto armado, o ladrilho e após o
incêndio de Roma, o uso do mármore para perpetuar suas construções. Com a
“romanização” – período em que o império romano expandiu seu território e
dominou os espaços conquistados através da extensão do seu ideal de cultura –
Roma construía materialmente cidades para levar os cidadãos, através da ordem
visual, a obedecer ao regime imperial (BUSTAMANTE: 4) Assim, a arquitetura
romana era vista não somente dentro das cidades clássicas, mas também nas
comunidades romanas e colônias honorárias sob domínio do império.
Um exemplo de construções
arquitetônicas e de estilo de cidades romanas é Pompeia, que foi destruída
durante uma grande erupção do vulcão Vesúvio. O fórum,
os banhos, muitas casas, e algumas vilas nos arredores, como a Vila dos Mistérios,
permaneceram incrivelmente bem preservados. Pompeia era um lugar movimentado, e
evidências demonstram diversos detalhes do cotidiano da cidade.
Nas
Figuras [1] e [2] vemos o exemplo da Basílica de Pompeia, grande
marco da arquitetura clássica de Roma. Analisando a planta da Basílica (Figura
1) percebemos que o monumento só possuía uma única entrada, além das escadas
que levavam o cidadão até a linha de quatro colunas que sustentavam o teto. O
salão principal do edifício consiste em um longo corredor cercado por colunas. As
colunas representadas na Figura 2 são as colunas compósitas, esse elemento que
pode ser encontrado na entrada do Palácio Tiradentes, onde funciona atualmente
a Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Figura [3]). Essas colunas são inspiradas pelo estilo jônico
que também pode ser observado na segunda linha da Figura 2. O estilo compósito
é uma das maiores caraterísticas romanas e é vista em diversos monumentos ao
redor do mundo.
Nas figuras [4] e [5] podemos observar o Arco de Septímio Severo que foi
construído em 203 d.C para glorificar as vitórias militares do imperador Septímio
Severo e fica localizado no Fórum Romano. A sua construção foi feita em mármore
e consta de um arco principal enquadrado por arcos menores e sua frente
decorada por colunas compósitas. Na figura 5 as esculturas mostram cenas das
batalhas, prisioneiros e o imperador comandando sua tropa durante a campanha em
Parthia (CARTWRIGHT. 2013: 1). O monumento foi utilizado
durante a Idade Média como forte, torres foram adicionadas e a estrutura foi incorporada
aos prédios dos arredores. Assim, a estrutura original do prédio sofreu
alterações. Os Arcos do Triunfo se tornaram referência arquitetônica para
diversos projetos mesmo após a extinção do império romano e tinham o mesmo
objetivo ou aproximação, celebrar vitórias e conquistas políticas-militares
através da construção material. Observemos alguns exemplos.
O Arco do Triunfo
(Figura [6]) em Paris foi construído entre 1806 e 1836 a mando
de Napoleão Bonaparte em comemoração às suas vitórias militares. O Porte
Saint-Denis (Figura [7]), 1672, Paris,
foi construído para comemorar as vitórias de Luís XIV da França.
Já o Arco do Triunfo de Pyongyang (1982) (Figura [8]), o maior e segundo mais alto arco do mundo, tinha
como objetivo ser substancialmente maior que o Arco do Triunfo de Paris e foi
erigido no mesmo local onde, em 14 de outubro de 1945, Kim Il Sung realizou seu
primeiro discurso público ao povo da Coreia do Norte.
Os
romanos também construíam arcos no interior de seus monumentos e nesses casos os
arcos eram uma estrutura arquitetônica de forma curva que permitia vencer
o espaço entre dois pontos, em geral colunas ou pilares e podia repartir os
empuxos do muro, da abóbada e da cúpula. Essa técnica que permitia empregar menor
número de colunas e pilares, ampliando assim o espaço interior, ficou patente
na imensa cúpula do Panteão romano (Figura [9])
(Mellilo, Patricia, disponível em <http://www.patriciamellilo.com.br/arquitetura-historia.php>
acesso em. 27 de junho de 2017).
Na figura 8 além de observarmos as
colunas sustentando a cúpula, analisamos que entre elas existem arcos que são
responsáveis por repartir os empuxos. Na direção “final” da imagem existe uma
passagem para um possível outro espaço do Panteão que é interligado por um
arco.
Essa técnica foi reproduzida por várias civilizações ao longo dos
séculos. A mesquita de Córdoba, localizada em Córdoba, Espanha, iniciada no
séc. VIII, é uma construção islâmica que possui aspectos romanos.
As figuras [10]
e [11]
representam o interior da mesquita de Córdoba, e avaliando as imagens podemos
ver a semelhança com as construções romanas, através das colunas, capitéis
romanos e na utilização de arcos como sustentação e passagem entre locais do monumento.
Em suma, mesmo após sua decadência,
Roma exerceu influência no que tange a arquitetura, servindo de inspiração e
exemplo para sociedades em diversos momentos da história. O patrimônio material
que sobreviveu ao tempo, é de de grande importância para a compreensão da
estrutura cultural romana pois, através da análise dessas estruturas, podemos
afirmar que a necessidade da construção material das cidades, tornou os romanos
referência em introdução de técnicas e utilização de novos materiais, que
utilizamos até hoje, na edificação de patrimônios. Por fim, Roma nos deixou uma
herança material extensa e sua influência pode ser vista em diversos lugares do
mundo, cumprindo o seu designo de resistir e perpetuar a cultura de um dos
maiores impérios da antiguidade.
1 – Disponível em <http://www.vitruvius.be/pompei.htm>
Acesso em. 26 de junho de 2017.
2 – Disponível em <http://www.vitruvius.be/pompei.htm>
Acesso em. 26 de junho de 2017.
3 - Disponível em <https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2014/09/04/com-reforma-de-r-18-mi-predio-da-alerj-dara-lugar-ao-museu-da-democracia.htm>
Acesso em. 26 de junho de 2017.
4 - Disponível em
<http://www.guiaderoma.com.br/pontosdetalhe.asp?codigo=7> Acesso em. 27
de junho de 2017.
5 - Disponível em
<http://www.ancient.eu/image/1346/>
Acesso em. 27 de junho de 2017.
6 - Disponível em <https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_do_Triunfo_(Fran%C3%A7a)>
Acesso em. 27 de junho de 2017.
7 - Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Porte_Saint-Denis> Acesso em. 27 de junho
de 2017.
8 - Disponível em
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Arco_do_Triunfo_de_Narva> Acesso em. 27 de
junho de 2017
9 - Disponível em
<https://www.britannica.com/topic/Pantheon-building-Rome-Italy/images-videos>
Acesso em. 27 de junho de 2017.
10 - Disponível
em
<http://www.setemalas.com.br/a-mesquita-catedral-de-cordoba-a-construcao-islamica-mais-impressionante-do-ocidente/>
Acesso em. 27 de junho de 2017.
11 - Disponível em
<http://www.setemalas.com.br/a-mesquita-catedral-de-cordoba-a-construcao-islamica-mais-impressionante-do-ocidente/>
Acesso em. 27 de junho de 2017.
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